Antes fossem piadas engraçadas. Mas é sério e chega a ser triste.
Vibro com os atletas. Torço pela nação. Admiro a dedicação. Tudo em vão.
Os resultados dos jogos, que vez ou outra podem surpreender, são em sua maioria previsíveis.
Os países que tem as melhores estruturas se darão melhor, obviamente.
Atletas por vezes deixam seus países de origem para treinar, por longos anos, em países onde os centros de treinamento são mais adequados. Na competição defendem as cores de sua bandeira nacional.
Fico frustrada, entusiasmada e ao mesmo tempo perplexa. São tantos acontecimentos em uma fração de segundo. Choro, me desespero e penso: são reflexos da sociedade e apenas isto.
A economia forte trás a medalha de ouro. A economia fraca não trás medalha. Simples e cruel assim mesmo.
O povo assiste ao espetáculo esperando que surja um novo heroi. Se frustra também.
Já cansei há muito do Neymar. Pelo que me consta um time contem 11 jogadores. Para o Brasil só existe um em campo: Neymar. É a bola da vez como já foram tantos outros. Fico enjoada por sabe que seu destino será engordar, cair na difamação da mídia e se vangloriar do passado. Como se o futuro nunca pudesse ser planjeado e o presente foi vivido conforme aquilo que a Nike indicou.
Admiro a força de vontade dos participantes das Olimpíadas, sua garra, sua determinação para ser corpo máquina. Sua vontade de vencer ainda que lesionados e lutando contra a idade que (sempre) chega. Admiro a emoção, a sensibilidade, a crença de que foram feitos para vencer acima de qualquer coisa. A persistência frente a derrota e treino após treino como um robô até a exaustão.
Acho lindo o ginasta olímpico. O invejo eu diria. Por outro lado penso como eu odiraria as barras, o cavalo, o solo, a argola, a trave se tivesse que ficar o dia inteiro trancada na mesma sala que eles, dependendo deles, trepada neles. A repetição do movimento me levaria à contemplação?
Fico incomodada com meu corpo moldado ao sofá assistindo a corpos rijos, definidos, "saudáveis", galopantes e vibrantes. Passivamente me corpo vibra com a ação do outro. Enquanto vejo o movimento alheio tolho meu corpo de movimentar-se. Concluo que há algo errado e saio pra caminhar.
Olim-piadas estão a chegar aqui nas bandas latinas. Como será que ser portarão nossos corpos? Teremos dinheiro para assistir aos jogos? Em Londres não se teve e de última hora implantou-se um público de professores e alunos levados gratuitamente aos estádios. Somos pobres aqui abaixo do equador. Estamos habituados aos corpos soltos nas praias. Ficariamos calados assistindo aos jogos de tênis? Caberiam todos os visitantes na baixada fluminense?
Acompanharei, pensarei e escreverei com notícias da terra do sol de 40 graus.
Paula Tura
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