sábado, 7 de julho de 2012

A mulher esquecida

Onde encontro a mulher que habita um corpo conhecido como corpo de mulher? Um corpo que pode ou não ter seios, vagina, pêlos, protuberâncias. Nos hospitais oncológicos ou nas clínicas de estética muitas mulheres tem corpos dilacerados, corpos ciborgues, corpos mutilados. Umas devido a doença outras por opção.

Onde encontro a mulher que habita este corpo? Em quais de suas ações posso saber sobre ela, posso ouví-la? Vamos esquecer que ela foi educada por rígidos padrões de educação familiar, escolar e midiáticos a domar seu corpo, a ser servil, a não desacatar seu companheiro. Mesmo assim em alguma de suas ações há um resquício de algo que pode lhe mostrar o  não estígma que carrega. Que vai totalmente na contramão da classe social de onde ela vem; que expressa um fio de vida.

Ela demonstra um sinal, mesmo que sutil, de uma alma escondida por trás do cimento, do recalque, da pornografia. Ela sabe, no fundo que não há algo errado, só não consegue saber o que é. Não lhe deram instrumentos de análise.

Eu quero descobrir esta mulher. Quero saber onde encontrá-la. Quero conhecê-la e lhe dar a mão mesmo que não a toque quero sentir sua fraca respiração. Quero acima de tudo me colocar à sua disposição.


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